Os benefícios dos animais de estimação para os idosos


  • 22 de Julho de 2020

O envelhecimento é um processo natural, considerado por uns como a última etapa no ciclo da vida, traz consigo alterações sofridas pelo organismo além de vir acompanhado de perdas psicomotoras, sociais e culturais.

A literatura e o Estatuto do Idoso classificam como idosos as pessoas acima de 60 anos. Porém, há um projeto de lei que visa alterar o Estatuto do Idoso para que as pessoas passem a ser consideradas idosas a partir dos 65 anos de idade, devido ao aumento da expectativa de vida no país, assim como no mundo.

A maior expectativa de vida, associada à queda nas taxas de natalidade, têm influenciado na estrutura das populações. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a população mundial com mais de 60 anos vai chegar a 2 bilhões de pessoas em 2050. Neste mesmo ano, 30% da população brasileira será composta por idosos, e em 2030 o número de idosos deverá superar o de crianças e adolescentes. Com base nesses aspectos, o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida do idoso estão entre os novos desafios da saúde pública global.

Idosos são mais propensos a desenvolver doenças crônicas e mentais. Portanto, é importante estimulá-los a participar de atividades cotidianas, de terapias sem o uso de medicamentos visando melhorar sua qualidade de vida. Outra medida que tem demonstrado efeito positivo é a interação com animais de companhia.

A interação com animais pode ser de maneira não intencional, por meio da companhia de animais de estimação ou quando se utiliza de maneira intencional nas Intervenções Assistidas por Animais, ou seja, quando a companhia de animais é usada por profissionais no processo de tratamento de uma determinada doença, auxiliando no processo de cura.

Os efeitos da interação frequente entre idosos e animais de companhia têm sido estudados há décadas, mostrando-se benéficos sobre diversos aspectos, sendo comprovado que a convivência entre idosos e animais faz com que estes humanos sejam mais felizes e saudáveis.

A presença, bem como a interação com os animais diminui a sensação de solidão que a grande maioria dos idosos sente, além de melhorar o humor e facilitar a socialização com outras pessoas, diminuindo os efeitos e até evitando que estes venham a apresentar depressão.

Brincar com os animais, dar água, comida, banho e carinho faz com que os idosos desenvolvam um sentimento de responsabilidade, sentindo-se importantes por ter que cuidar de alguém e não, ter que ser apenas eles, o tempo todo, cuidados por alguém.

Outro fato é que ao manter uma rotina com seu animal sua memória também é exercitada, e estimular a memória é uma forma de prevenir as deficiências cognitivas.

Levar o animal para passear estimula os idosos a realizarem atividades físicas, tornando suas vidas mais ativas. Ao caminhar com seus animais os idosos previnem o sedentarismo, melhoram a coordenação motora, diminuem o estresse e melhoram a sensação de bem-estar.

Outro benefício interessante é a sensação de proteção que o animal transmite. Mesmo que o animal não seja suficiente para garantir a segurança em um lar, esse sentimento permite que o idosos fique menos ansioso e mais tranquilo.

Redução dos riscos de doenças assim como de problemas cardíacos, diminuição dos níveis da pressão arterial, colesterol e triglicerídeos, são mais alguns dos benefícios relacionados ao convívio de idosos e animais. Assim, pode-se verificar que os animais podem proporcionar aos seus humanos um envelhecimento saudável e muito mais feliz.

No entanto, para que essa convivência seja harmoniosa e traga qualidade de vida aos idosos, é necessário levar em consideração alguns fatores. Ao escolher um animal de estimação deve-se buscar informações sobre a raça, idade, bem como sobre seus hábitos, para que esta seja adequada as possíveis limitações do idoso. Além de considerar se os gastos com a alimentação, a higiene e visitas ao veterinário se encaixam no orçamento familiar, uma vez que é fundamental manter em dia a saúde e bem-estar do animal.

Embora a presença de um animal não substitua a presença humana, os animais podem ser a ponte para um estado de bem-estar social, melhorando a saúde física e mental de idosos.

O interessante é que os inúmeros benefícios resultantes da interação com animais não se restringem apenas aos idosos, mas pessoas de todas as faixas etárias podem experimentar este intercâmbio e melhorar a qualidade de suas vidas.

 

* Daniele de Cássia Karvat – Médica Veterinária, Mestranda no Programa de

Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado

(UnC). E-mail: daniele.karvat@gmail.com

 

** Dra Daniela Pedrassani – Médica Veterinária, Docente do Curso de Medicina Veterinária e do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). Email: daniela@unc.br