UnC integra pesquisa da nova espécie de lagostim encontrada na Antártica


  • 13 de Agosto de 2020

Uma nova espécie de lagostim fóssil encontrada na Antártica foi descoberta por pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca), em parceria com o Museu Nacional, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade do Contestado e Universidade Federal do Espírito Santo.

A peças foram coletadas na área denominada de Lachman Crags, em janeiro de 2016, na Ilha James Ross, em expedição de pesquisadores brasileiros. Algumas partes do animal estavam deslocadas do corpo, como uma porção da cabeça destacada do abdômen.

Após quase três anos de estudos, os pesquisadores classificaram-na como uma nova espécie: a Hoploparia echinata. A divulgação foi feita nesta quinta-feira (13), em coletiva virtual.

Os fósseis foram levados ao laboratório do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens da URCA, em Santana do Cariri, onde foi iniciado um trabalho para sua reconstrução. “Ao contrário dos outros estudos em que o fóssil é preparado, tivemos que usar a emissão de luz UV para destacar as partes do animal”, explicou o paleontólogo e diretor do museu, o professor Allysson Pinheiro, que liderou a pesquisa.

A Universidade do Contestado, através do CENPALEO, participa das Pesquisas Brasileiras na Antártida (ProAntar), junto ao Projeto PALEOANTAR.

 Durante as expedições, foram coletadas mais de 4 toneladas de amostras, sendo que algumas delas estão em exposição no Museu da Terra e da Vida na UnC, em Mafra, e estão sendo utilizadas em estudos e análises cujo os resultados começam a aparecer. Recentemente foi publicada a descoberta dos primeiros fragmentos ósseos pertencentes a pterossauros encontrados na Antártida, além de uma série de apresentações em eventos científicos.

SAIBA MAIS

O animal viveu no Período Cretáceo, durante o Campaniano, há cerca de 75 milhões de anos. Sem representantes atuais, no seu grupo há outras 67 espécies já descritas, encontradas em bacias sedimentares de várias parte do mundo. Já no continente Antártico, até o momento, apenas três foram descritas, sendo esta espécie a primeira na Ilha James Ross.

O animal possuiu nos seus três primeiros pares de patas com grandes pinças, “chifres” cumpridos, tubérculos e espinhas nas patas. Os pesquisadores acreditam que esta espécie cavava tocas e era um predador de emboscadas. Com estas pinças, grandes e fortes, era capaz de capturar peixes.

As rochas onde foram encontrados os fósseis sugerem que ele vivia em ambientes marinhos rasos, com fundo arenoso. “Era um animal territorialista. Não deveria viver em grandes associações”, acredita Pinheiro.

Por causa destas características, fóssil foi classificado como Hoploparia echinata, do latim echinatus, que significa espinhoso, e se refere à característica das pernas e terceiros maxilípedes. Essa feição espinhosa é uma das principais características de distinção para as demais espécies de Hoploparia. A atribuição ao gênero se dá especialmente pela ornamentação do cefalotórax (carapaça), que possui um padrão de sulcos, espinhos e carenas bem definidos.

As peças continuam na região do Cariri, no Sul do Ceará, e serão enviadas ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, onde ficarão depositadas.  O trabalho pôde ser realizado através do projeto Paleoantar, financiado pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e o CNPq, realizados há quatro décadas. Através de edital publicado a cada quatro anos, são selecionadas algumas pesquisas.

FONTE: G1