Pandemia e estiagem: dilemas do nosso tempo e em nosso território


  • 25 de Junho de 2020

Recentemente, vivenciamos e enfrentamos duas dificuldades e preocupações: a primeira, a pandemia. Neste sentido, todos os cuidados de higiene foram e são necessários e fundamentais para reduzir ou conter a velocidade da disseminação de um vírus. A segunda, foi a estiagem que afetou praticamente todo o estado de Santa Catarina, especialmente o Planalto Norte. Ambas as crises e dificuldades preocuparam e ainda preocupam e assustam a populaçãocatarinense e regional.

 Diante disso, estabelece-se o paradoxo: precisava-se de mais água para a higienização pessoal nos espaços de uso doméstico e de locais de trabalho, entre outros, em pleno período de estiagem. Evidentemente, foi um fenômeno natural da estiagem que também pode ser consequência das grandes intervenções feitas na natureza, como por exemplo, desmatamentos, queimadas, uso intenso de combustíveis fósseis, aquecimento global, entre outros fatores.

Associa-se a isso a retirada e falta de vegetação ciliar ao longo dos rios, topos de morros, dentre outros. Concebe-se que a vegetação é a “caixa d’água da natureza”. Na ausência da vegetação nativa, quando chove, a água escoa rapidamente para as partes mais baixas – rios, e posteriormente aos oceanos. Por isso, a importância da vegetação, prioritariamente nativa, como alternativa natural de retenção das águas da chuva e da manutenção da umidade dos solos. Portanto, uma forma natural de gestão das águas.

Outro fator é a falta de uso de outros mecanismos, como por exemplo da utilização das águas da chuva. Na nossa região chove aproximadamente 1.700 mm/ano. Isso é muita chuva. Se desenvolvermos a cultura da captação, armazenamento e reutilização dessas águas, poderemos reduzir a pressão sobre as águas superficiais e subterrâneas. Além disso, outras formas de gestão das águas são as diferentes maneiras de fazer com que a que vem das chuvas possa infiltrar nos solos.


Neste contexto da pandemia, surge a pergunta: como intensificar as medidas de higiene em período de redução das águas superficiais?

 Ao abordar o tema dapandemia, logo pensamos no sofrimento humano, o medo de nos infectarmos e ainda contaminar a família, amigos e demais pessoas com as quais
convivemos. Afinal, se infectados, poderemos, potencialmente, contaminar outras pessoas, além disso, gerar possíveis e novas internações. Na pior das hipóteses, podendo contribuir na morte dessas pessoas.

Por isso, acreditamos que ninguém queira sentir tal “culpa”. Afinal, esta pandemia tem expressiva capacidade de propagação, gravidade e até de letalidade. Diante disso, uma das alternativas é a constante necessidade de higienização pessoal, principalmente das mãos, e de forma correta, assim como de vestimentas utilizadas no dia a dia.

No entanto, o período de estiagem vivido nos clamou a cuidar, ou usar a água racionalmente e parcimoniosamente, para não faltar diante da escassez. Paralelamente, é  fundamental ouvir e praticar o que a ciência e os especialistas da área da saúde nos orientam: isolamento social, prevenção por meio da higienização pessoal e o uso de máscaras de maneira correta.

Neste sentido, vale lembrar:

- usar a máscara;

- cobrir sempre a boca e o nariz (evitar a manipulação durante o uso);

-tosse higiênica;

-uso doálcool gel,.


Estas duas situações de estiagem e pandemia, nos leva a intensificar nossas reflexões de como agimos com a natureza, conosco e com os outros. 

Iguais situações nos remetem, também, a repensar nossas relações e intervenções com a natureza. Tais ações e intervenções partem desde os planos, hábitos e atitudes das dimensões individuais até as coletivas. De igual modo, o contrário também é verdadeiro.

Vivemos tempos de angústias, problemas e incertezas. Repensar e reposicionar nossasconcepções e práticas com o ambiente e relações de vida são necessárias e 
fundamentais. Cada um, em seus diferentes espaços sociais, de trabalho e de convivência, é convocado a assumir novas posturas e práticas perante a natureza e as condições que se apresentam, dentre elas a pandemia. Juntossomos mais fortes contra estes problemas e dilemas (estiagem e pandemia).


Com isso deixamos a frase de Mahatma Gandhi para reflexão: “Seja amudança que você quer ver no mundo”.

 

Autores 


Erick Douglas Weber da Maia - Mestrando no Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail:
erick@unc.br
Jairo Marchesan - Docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado.